AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
366 f POCAS .DE PORTUGAL ECONóMICO tudo o monarca, senhor afamado de riquezas nunca vis– tas. Daí proveio que, sendo D. João V de condição pró– digo, - «é de uma: incomparável generosidade de que manaram torrentes da sua Real liberalidade», afirma o mesmo panegirista (1) - se lhe exagera notàvelmente o defeito. Pois, como de outro modo explicar o vazio do -erário, onde riquezas tais a:fluíam? Assim se lhe imputa– ram gasto~ imensos, e' que em verdade não cabiam nas posses do tesouro. :É percorrer os históriadores que trata– ram do assunto, e mais ou menos se repetem, alargando as soma:s: 1 88 milhões de cruzados em donativos à Santa .Sé, assevera um deles (2); 2 oo milhões , diz outro, ele- vando por comodidade, a quantia (3); 450 milhões só pelo tÍtulo de Fidelíssimo, afirma um terceiro (4), apli– cado a denunciar as extorsões da metrópole ao Brasil, sua pátria. :É provável ter-se igualmente exagerado em dema– sia o que podia ter custado a obra de Mafra•. E longe -esteve dos 2 oo milhões de cruzados, tudo o que veio do Brasil para a coroa, no decurso do reinado. A verdade é que sempre coevos e pósteros encare– •ceram de modo exorbitante as rendas do monarca. Balbi, -economista, amante dos números, foi, dos escritores que têm versado este ponto, o primeiro a descobrir a rea•lidade. Ainda que, com respeito ao soberano, participa do geral -deslumbramento. Assegura-nos, em todo o caso, não merecer confiança aquilo que das receitas públicas em Portugal se tem dito. Aponta por exemplo a famosa renda (1) Hist. Geneal., 8. 0 , 321. ( 2 ) Sariano, Hist. do reinado de D. José, t. 1.º, P· 321. (3 ) Oliveira M artins, Hist . de Portugal, 4.ª ed., t. 2.º, p. 153. ( 4 ) Felício dos Santos, Memórias do distrito diamantino, 2." ed., P· 1 9·
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