AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
358 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO por ano. Mas em breve se reconheceu ser excessiva a taxa. e insuficiente a quantidade de ·trabalhadores, tanto mais: que, além da mineração, havia serviços acessórios por natu– reza indispensáveis. Deu-se por isso ao arrematante a faculdade de introduzir muitos mais, com o pretexto de OS-' aplicar à agricultura, sem aumento da prestação anual. Os termos essenciais do contrato não foram alterados: 600 escravos eram os que ele determinava; mas com o, tácito assentimento das autoridades, porventura suborna– das, épocas houve em que se diz operaram na região qua-· ' tro a cinco mil praças, nome dado aos trabalhadores (1). Esta forma de exploração requeria grosso cabedal do arrematante, forçado para o meneio a recorrer ao crédito. Ministravam-lhe os negociantes da região, e os do Rio de Janeiro quantias avultadas, e principalmente mercadorias; e a Provedoria da Fazenda' de Vila Rica, com autorização, do reino, 1 50 mil cruzados por ano. Os pagamentos: realizavam-se em letras sobre os correspondentes ou caixas do contratador em Lisboa, que faziam dinheiro vendendo as pedras à chegada. Egi 1 75 3 havia terminado o contrato com Felis- .berto Caldeira Brant, que durara quatro anos. Esta época foi, na região produtora, o período brilhante da indústria. Os habitantes gozavam de .abastança, e eram grandes. consumidores de objectos de luxo. O contratador vivia faustosamente. Suspeitavam-no de corromper os funcio--· ' nários do Estado, e acusavam-no de iludir o contrato, tra– zendo nas. lavras número de obreiros consideràvelmente superior a~ permitido. O impedi~ento ao contrabando competia-lhe, por defesa sua, mas violando ~le próprio, a. (1) Calogeras, 1.º, 297.
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