AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
IDADE DE OIRO E DIAMANTES 353 no lancamento tocava a cada um dos colectados, de sorte . ; que o mineiro obediente à lei pagava a sua parte e a .do contràbandista. N ão podia haver incentivo melhor à evasão. Afinal bem se pode dizer que só por esse meio se constituíram na região algumas fortunas notáveis. A mortan~ade nos escravos, pelas razões expostas , era outro oneroso encargo da exploração. Um informador enviado à região em missão oficial, no tempo da capita– ção, dizia saírem todos os anos três ou quatro milhões de cruzados, para se aplicarem às inevitáveis .substitui– ções do pessoal (1). Calq 1lava-se então em oitenta mil o número dos escravos existentes, e que era de neces– sidade manter. Tudo isto redundava em desilusão de muitos, e des– contentamento geral, que veio a pronunciar-se na con– juração mineira. O mesmo informador considera a situação dos habitantes por nenhum modo de prosperi– dade. - «Posso afirmar (diz) que não conheço três que, sendo mineiros, possam de repente pagar 2 oo oitavas de oiro», Rs .2 :400$000. O estado de dívida era a situação comum. - «Não é crível (acrescentava) o nú– mero de milhões a que os mais práticos afirmam sobem os empenhos». Enfim, a maior parte deles encontra- vam-se, a seu juízo, em condições miseráveis. · Em I 760 manifestavam-se os mercadores ingleses de Lisboa, em representação ao embaixador, lord Kin– noul, contra a criação de uma companhia de comércio, em projecto para o _Brasil. E alegavam dever a gente das Minas grandes somas aos negociantes do Rio e da Bahía; estes aos de Lisboa , e por seu turno os últimos à feitoria (1) Belchior do Rego de Andrade, em carta de Vila Rica, II de Abril de 1734. Col. pomb., cód. 738, foi. 249. 23
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