AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

" IDADE DE OIRO E DIAMANTES 351 ciado de dragões, de alcunha o Tiradentes, por haver exercido algum tempo a profissão correlata; de quem o nome depreciativo se tornou em título de glória, e sím– bolo do amor da pátria no país natal. Outro dos con– jurados, o poeta: Cláudio Manuel da Costa, suicidou-se no cárcere. Os demais expiaram no degredo em África a tentativa abortada. Do número faziam parte mais dois poetas, Alvarenga Peixoto e Gonzaga, o cantor mavioso da Marília de Dirceu; este último nascido na metrópole, e que, aliás, negou sempre a sua cumplicidade. A pre– sença de tantos cultores das musas no diminuto grupo dos conjurados, dá úm significado de idea-lismo ao in- tento, e até certo ponto, pela ausência de sentido prático -------– nas deliberações em comum, lhe explica o naufrágio (1). A suspensão das ordens relativas ao quinto do oito em dívida tinha aquietado a efervescência dos ânimos, e cada um tornava aos seus interesses materiais, imedia– tos, únicos a moverem uma população mais ou menos d.e aventureiros, e ávida só de riquezas. Convém dizer que, adiada .a derrama e as execuções, não faltaram aos habitantes motivos de lástima. ·O .negócio do oiro não consistia,. como em Africa, na permuta ,de objectos de valor ínfimo, com bárbaros ignorantes, pelo .metal pre.:. cioso. A exploração demandava da parte dos mineiros capital não insignificante. Antes -de tudo eram neces– sários escravos, para ·o trabalho, e do seu número depen– dia a área da concessão~ duas braças quadradas por cada um. E custava tim negro 300 oitavas de ,oiro, 360 mil réis , às vezes mais. Com isto o preciso para .adquirir (1) O artigo cit. na Rev. do lnstiti,to histórico e geográfico brasi– leiro é, a este respeito, muito elucidativo.

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