AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

A MONARQUIA AGRARIA 35 culano (1), fazendo notar que para tanto não dariam os despojos sarracenos das guerras, e os d~s incursões em Castela. O facto de existir uma verba, consignada a res– tituições do que se achasse ter recebido indevidamente o testador, levou à suposição de que proviria de extorsões a grande soma acumulada. Mais larga devia ser a cons– ciência, na acusação, ou inconsideráveis os abusos, por isso que não passa de 10.200 maravedis a quantia apli– cável às indemnizações, porção insignificante do total. Uns após outros, os soberanos, até D. Dinis, se peniten– ciaram do malefício; nenhum tentou remi-la em vida; todos deixam a obrigação aos herdeiros, que naturalmente a repudiam. O tesouro de D. Sancho I encontrava-se, ao uso da época, espalhado por lugares que proporcionavam segu– rança mais perfeita: em Coimbra, nas torres e mosteiro de Santa Cruz; no convento de Alcobaça; à guarda dos freires do Templo em Tornar, e à dos do Hospital ·em Belver. É possível que o monarca, no enlevo das libera– lidades, se excedesse no cálculo. Na verdade, cabedal semelhante em espécies, mais parece da era capitalista que do tempo em que não abundavam os metais preciosos. Nenhum outro soberano da dinastia mostrou possuir tanta fazenda. Pelos testamentos pademos julgar da que fruiu cada um, e conjuntamente da situação financeira do Estado, que era a do monarca. Menos provido de cabedal mobiliário, ou mais zeloso dos bens da coroa, Afonso II distribui em legados I 4 mil (1) «Soma a bem dizer incrível, se •atendermos · à rarida?~ ?ºs llletais preciosos naquela época». -História de Portugal, ed. definmva, t 3 º . . 'p. 3º3·

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