AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

IDADE DE OIRO E DIAMANTES 339 que já neste tempo alguma porção do produto das minas havia tomado o caminho da Europa. Então, e de ano para ano, iam aumentar as remessas. A terra brasílica j .cumpria por fim o que dela se esperava, e outra vez \ Portugal ia dar ao mundo o espectáculo de uma nação ,embriagada de suas riquezas. A designação de nau dos .quintos ficou por símbolo desse período de aparente pros– peridade, de que o notável e primeiro usufrutuário foi o ostentoso rei, cognominado por isso o magnânimo, em •,compêndios antigos de história. Na colónia desapareciam os embaraços financeiros ,da administração; .as rendas do Estado cresciam em toda :a parte; a falta de espécies monetárias ,deixou de sentir-se, porque o oiro em pó, ou em pequenas barras, seladas -do cunho régio, a todas substituía. O metal precioso Jerramava-se da região nativa pelo resto do Brasii, dando .em toda a parte intensidade à vida económica. A oitava de oiro era agora a medida dos valores. Para as mina·s -e nas minas tudo se vendia por alto preço. Um negro ·possante, bom trabalhador, valia• 300 oitavas, 420 mil .réis; 350 oitavas uma negra cozinheira, e 600 oitavas, mais às vezes, a mulata chamada de partes, que ameni– zava com seus dengues a vida áspera do explorador. Como sempre ,~m conjunturas idênticas, sobravam nas minas os objectos de luxo, e ,dava-se a penúria dos essenciais à vida. O alqueire de farinha de mandioca, base .da .alimentação de todos, pão de escravos e senhores, vendia-se por 40 oitavas, 56 mil réis, preço que prova a escassez. Mas havia queijos flamengos, que se pagavam com 16 .oitavas, meias _de .seda por 8, e~ diz o padre jesuíta, clássico informador - «mil bugiarias de França e outras partes, que se vendiam conforme o desejo, que I?

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