AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
332 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO vassalos, redundava para os do Brasil em diminuição con– siderável no que possuíssem em numerário, oitenta- poc •cento, ao que pretendiam os oficiais da câmara. Do efeito na economia geral do Estado, e da impres– são nos ânimos, encontramos reflexo nas cartas do padre · António Vieira, que na Bahía, já em anos avançados, .assistiu à catástrofe. Entre as quais uma, de Julho de 1 69 r, para o seu adversário de outrora, conde de Castelo Melhor: - «Oiço que na baixa da moeda perde esta praça (da Bahía) mais de quinhentos mil cruzados. No Rio de Janeiro, com a mesma baixa, se acharam em um dia os que possuíam nove somente com cinco». E quanto ao desespero e cólera dos que s~ntiam a espo– l iação: - «A maior e mais considerável perda, posto que se não considera, é a dos corações» (1). Informes , , :semelhantes nas cartas dirigidas a outros, pessoas notá– veis da corte. Entretanto persistia desfavorável para a- colónia a balança económica, e esta mesma moeda falsificada e -depreciada continuava- a evadir-se para a Europa. Vieira expunha nos termos seguintes a opinião vulgar: - «Es– tes navios, de que ~oje temos no porto da Bahía trinta ,e um, antigamente eram frotas de mercadores, que vi– nham comerciar, hoje são armadas de inimigos e piratas, .que vêm saquea~ o Brasil, porque antigamente traziam -dinheiro e levavam drogas, e muitos anos a esta parte levam as drogas e mais o dinheiro» (2). O remédio que :se considerou foi o de introduzir moeda provincial, como na fndia , privativa do Estado, proposto pelo governador, (1) 5 de Julho de 1691. (2) Carta ao Marquês das Minas, 5 de Julho de 1692, ' '
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0