AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

IDN)E DE OIRO E DIAMANTES 327 entrada, do Norte a Bahía, do Sul o Rio de Janeiro, cada ano as minas recebiam 4.000 novos trabalhadores, vindos de Africa (1), número insuficiente para substituir as baixas, e acudir ao afargamento da exploração por terri– tórios distantes. ·A dura tarefa, as privações , o regime cruel, eram causa de grande mortandade neles. Vinte anos antes de findai" o século XVIII , era evidente no declinar da produção a decadência-da indústria. Esgotadas as alu– viões que ministravam ao princípio os grandes volumes de metal, a extracção pelos métodos atrasados em uso diminuía c'onsideràvelmente. Mas para isso contribuía igualmente, na opinião geral , a falta de braços para o trabalho, isto é de escravos. Debalde os governantes ten– taram sanar o dano com providências de protecção. Uma delas, intencionalmente em favor das maiores explorações, isentava da penhora os escravos empregados na mineração, quando fossem pelo menos trinta. Chamava-se o privi– légio da trindade (2) , e redundou em perda dos próprios a, quem v~sava proteger, porque pelo cerceio das garantias lhes arrumava o crédito. Daqui se vê que nenhuma riqueza igualava em valor na colónia o homem feito ~ ercadoria. Preferível para os credores ao oiro jacente,– ina•proveitável sem ela. Mercadoria que desde o descobri– mento trouxera a fertilidade ao território imenso e o semeara de engenhos; por fim desentranhava do solo, em porções jamais vistas, aquele metal inútil em si, de que os homens faziam tanta estima. (1) Calogeras, r. 0 , p. 135. (2) Id., p. 136.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0