AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
IDADE DE OIRO E DIAMANTES 313 Na terra do oiro, este segundo nome abrangia no mesmo significado de ódio todos os recém-vindos, portugueses e brasileiros estranhos a S. Pa:ulo. Deste estado de alma deriva o episódio de nativismo violento, o primeiro no Brasif, a que se deu o nome de guerra dos emboabas. Exced~ talvez o âmbito justo o termo nativismo, mais exacto se fosse a contenda entre só portugueses de um lado e naturais do país na facção oposta. Mas o conflito proveio da hostilidade da gente de S. Paulo a todos os estranhos, que também designavam por forasteiros, 'quer os nascidos ou moradores no Brasil, quer os recém-chegados da Europa. Ao passo que, entre eles, que se diziam donos da terra, haveria naturais da metrópole, com casa e família na capitania. A verdade é que uns e outros tinham constituído no extremo sul da colónia um clã numeroso, gozando de ihdependência, e respeitando a soberania do Estado português sàm:nte até onde as circunst?ncias lho incul- '=::::::::::.. cavam conveniente. No sertão, que haviam conquistado e em_todas as linhas percorrido, submetendo o índio nómade, e afastando para fronteira distante o vizinho castelhano, dominavam só eles. Nas vastas solidões, aquele que tinha organiza-do uma bandeira, troço formado de gente da família, escravos, clientes, a que por gosto guerreiro ou coagida se agregava no caminho a dócil indiada; o caudilho que, a-ssim acompanhado, prometia àos do séquito a presa de escravos, ou as pedras e metais preciosos ocultos na selva, era senhor absoluto das pessoas . e das vidas. Ali nenhuma• lei mais que a sua vontade, nenhum direito que o da força, nenhum apoio da autori– dade a exercer senão a violência. Quando, encontradas as minas, de todas as bandas irromperam exploradores, os
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