AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
IDADE DE OIRO E DIAMANTES 311 excomunhão dos desobedientes. Mas é lícito duvidar tivessem a-s penas canónicas eficácia maior que os man– dados do soberano. · Largos anos continuou a emigração do reino, que finalmente o governo de Lisboa pretendeu tolher por uma providência decisiva: proibição das passagens para o Brasil. Por uma lei de I 720 (1), nenhuma pessoa que não fosse investida em cargo público, podia ·embarcar ~ para a colónia. Aos funcionários não era permitido faze- . rem-se acompanhar de mais criados que os indispensáveis ao seu serviço e ao decoro do emprego. Eclesiásticos, podiam entrar os bispos , missionários, prelados e ·reli– giosos das Ordens existentes no Estado; dos últimos porém somente os que, tendo professado no Brasil, regres– savam a seus conventos. Excepcionalmente se daria licenca aos particulares, que justificassem terem de ir a negó~io importante e sob a condição de voltarem em prazo certo. Quanto tempo estaria em vigor a proibição não · sabemos, e é de crer que, por mil modos iludida, se lhe reconhecesse em breve tempo a ineficácia. . Desde o princípio,. à_ medida que se a-largava o campo das explorações, o entusiasmo pala aventura crescia, esti– mulado ainda pela amplificação das realidades. Cada vez que uma frota chegava, corriam logo as notícias mais próprias para que as ambições se acendessem. Pessoas conspícuas acreditavam no que a voz pública, incons– ciente, exagerava. Escrevendo a um residente no estran– geiro, José da Cunha Brochado, sujeito ponderado, já então do Conselho Ultramarino, . dizia-lhe convencido acharem-se no Tejo, a bordo dos navios, 500 arrobas (1) De 20 de Março.
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