AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
304 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO necessàriamente houvesse descaminhos, vê-se que a pro– dução era escassa e diminuía, forçando ao abandono da exploração. Estava contudo reservado aos paulistas o final triunfo. ' Eles eram no Portugal americano uma tribo singular. 1/, Em nenhuma parte, na enorme extensão do território, tanto se havia manifestado a energia dos conquistadores. Audazes nos propósitos, indómitos na execução, nenhum obstáculo lhes tolhera o apossarem-se de regiões vastas, no continente hostil. Nem o torvelinho das torrentes, nem o abrupto das serras, nem a flecha do selvagem lhes cortavam o passo. Assim, renovando as acometidas, tinham aberto a passagem, pelo interior das terras, das bordas do Tieté ao longínquo Amazona:s; avançado até ao Prata e o Paraguai; e, repelindo o castelhano, afastado :..--- muito para Oeste a linha histórica: de Tordesilhas. Da estirpe avoenga, na Europa, conservavam as qualidades nobres, a valentia, a inteligência viva:, o amor da liber– dade; e tinham aprendido do indígena a frugalidade, o sentido da direcção no deserto, assim como os recursos para a vida nómada, de que também ele lhes comunicara -- o pendor. Altivos, pugnazes, ciosos da independência da sua pátria, viviam e governavam-se como em república, desdenhosos da autoridade estranha, e dispostos sempre a expulsarem o funcionário ou magistrado odioso. ·Mas, afagando-se-lhes o amor próprio, ei-los prontos a mar– charem para toda a parte em serviço do rei. O t~qipe– ramento aguerrido, o hábito de baterem a indiada no interior de S. Paulo, recomendavam-nos para quanqo, fosse onde fosse, perigava a segurança do civilizado: Sucedeu assim que mais de uma vez troços de paulistas foram defender o Recôncavo da Bahía, devastado pelos
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