AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

296 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO incumbência para que lhe fora dado o tÍtulo de superin– tendente das minas, anexo ao de governador. A tenta– tiva, malograda c:omo as antecedentes, comemorou-se, sessenta anos mais tarde, na dignidade de Marquês das Minas , a que foi elevado um neto de D. Francisco, o Conde do Prado, embaixádor à Santa Sé em I 670, aufe– rindo este o prémio prometido ao avô, pelo descobrimento que um não tinha feito e o outro jamais tentou. Incrédulo da empresà a que fora D; Francisco de Sousa, o novo governador geral, D . Diogo de Meneses , mandava dizer ao Rei: - «Creia-me V. M. que as ver- dadeiras minas, são açúcar e pau-brasil, de que V. M. tira tanto proveito sem lhe custar da sua fazenda um só vintém» -. E prognosticava-lhe gastos avultados sem ganho algum (1). A este modo de pensar o impelia talvez o ciúme das mercês prometidas, e principalmente da inde– pendência de sua autoridade, que ao novo governo fora concedida. A verdade, porém, é que os factos justificaram . ,, a prev1sao. Ciúme igualmente experimentaram os moradores de S. Paulo, zelosos da autonomia local, e que não viam com bons olhos investir estranhos em postos importantes na capitania. Daqui proveio formar-se a lenda de terem eles inutilizado o descobrimento, temendo a transforma– ção que dele resultaria. Achadas as minas, não tardaria tornar-se a terra metrópole do Brasil. ·Então virid~ do reino funcionários, governadoi·, guarnição militar nume– rosa , aumentando os tributos, e perdendo o antigo crédi\ o as famílias principais. Quando pois o mineiro experiente, mandado por D . Francisco à busca das jazidas, voltava (1) Varnhagen, x.º, 437.

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