AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

294 I:POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO jorrar-lhe-iam riquezas de uma serra de cristal, cravada de esmeraldas, que havhi. de achar no sertão (1). O pri– meiro governador, Tomé de Sousa, em execução de ordens, por várias vezes mandou às pesquisas. Até que os sucessivos malogros o enfastiaram da insistência. - «Eu não hei de falar mais em oiro senão se o mandar Vossa Alteza» - , escrevia ele a D. João III (2). Sem embargo, não afrouxaram na empresa os gover– nadores seguintes, Duarte da Costa e Mem de Sá. Em I 56 I, uma expedição estimulada por este último, às ordens e à custa do colono Vasco Rodrigues Caldas, a quem se prometeram grandes mercês, era dispersada pelos: índios no interior da Bahía. Seis anos depois, Martim de Carvalho, de Porto Seguro, entra pelo sertão mais de duzentas léguas, acompanhado de cinquenta ou sessenta: portugueses e muitos índios. Ao cabo de oito meses regressa, desbaratado das privações; mas traz uns grãos de metal, que supunham oiro, e notÍcia da serra das Esme– raldas, situada cem léguas além de onde tinha chegado a expedição. No caminho, entre serras , achou-se que as mais delas eram de fino cristal (3). Gabriel Soares de Sousa, o conhecido escritor das coisas do Brasil, que em I 569 se destinava a seguir Francisco Barreto na conquista do Monomotapa, arri– bando a armada à Bahía desistiu da viagem, e deixou-se ficar, com muitos outros que, desenganados das primei- (1) Frei Vicente:. do Salvador, Hist. do Brasil, Liv. 2. 0 , Cap. 4.º. (2) 18 de Julho de 1551. Carta publicada na Revista do Arquivo Público Mineiro, t. 1.º (1902), e citada pelo dr. João Pandiá Caloger.1s no parecer apresentado à comissão de minas, da câmara dos deputados do Brasil, e impresso em dois volumes com o tído: As minas ,do Brasil e sua legislação (Rio de Janeiro, 1904). (3) Gandavo, Tratado-da terra do Brasil, 2.ª Parte, Cap. 9.º.

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