AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
292 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO tendas pela supremacia no paço. Ideando as empresas ,.. distribuindo pastos e prémios, o rei submetia as vontades ,,. fortalecendo cada vez mais a sua autoridade. Muitos anos, antes dê Luís XIV poderia ter dito D. Manuel que o– .Estado era ele. E do seu povo, todos que se desconten– tavam na terra natal tinham além dos mares um império, imenso, aberto às actividades e compassivo às ambições. Na primeira fase dos descobrimentos, quando os. Açores e a Madeira foram povoados, o incentivo era o, mesmo da reconquista no continente, a aquisição de ter- · ras e senhorios, de que a coroa fazia dom aos descobri- • dores. Na comitiva dos agraciados iam os trabalhadores~ rurais, que, desdenhando a condição de assalariados no solo pátrio, aspiravam a cultivar por conta própria umas.. geiras sob diferente céu. Mas o prosseguimento das nave– gações suscitou novos intentos e ambições de outra espé-– cie. O torneio de África, facultando o oiro, a especiaria,,. a escravatura, desvendava fontes de riqueza até então, inacessíveis, e de que a pura audácia, virtude nacional ~ era o -preço. Como não preferir-lhes os riscos eventuais, ao aturado lavor, à rotina monótona da agricultura, que: só dava um ganho incerto e mesquinho, às vezes ne-– nhum? Pela agricultura havia principiado, como nas Ilhas, a;. colonização da Terra de Santa Cruz. Mas o primeiro, atractivo tinha sido o pau cor da brasa, o brasil, riqueza_ fácil, que se obtinha, como as de África, por coin'utação,_ com os indígenas. Mais tarde, no extremo Norte, as. chamadas drogas do sertão, cravo, salsa-parrilha e outros. produtos silvestres, assim como a escravatura, recompen-– savam o esforço do aventureiro, naquele mundo incomen– surável, que era o Amazonas e seus braços. Mas ao norte~.
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