AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
30 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO de o restabelecer (1). Foi este rei que, tomando a seu serviço o genovês Peçanha e outros marinheiros da mesma pátria, definitivamente instituiu a marinha do Estado. Os genoveses eram na época os grandes mestres das artes náuticas; e nessa qualidade já tinham vindo ao lado ocidental da· Península, havia quase dois séculos. Aí por 1120, um arcebispo guerreiro de Compostela, cha– mara de Génova mestres, que lhe construiram duas galés, para fins militares (2). Não seria caso estranho que dos vizinhos galegos tivessem depois recebido ensinamento os portugueses. IV Todo .o tráfico de Portugal com o· estrangeiro tinha por base a agricultura, que ministrava os produtos à exportação, e cujas necessidades os da importação satis– faziam. A população urbana, central ou da costa, for– mava o traço de união dos campos ao mar. O País era na realidade a sede de uma associação vasta de lávradores. Indústrias não havia outras que as de carácter doméstico, indispensáveis, e de mais perto relacionàdas com a da terra. Certos usos, convertidos em lei nos forais de alguns concelhos, 'lembram os tempos em que, após a qevastação das guerras, se constituíam no isolamentd econ6mico as novas formações sociais. No foral de Beja: - «Quem matar porco para vender dê o lombo ao Alcaide». •Outra disposição: - «Costume é levar ao Alcaide o úbere da vaca; quando não, dêem por ele 6 dinheiros (3)». O foral (1) Cf. a Inquirição em Diss. Cronol., 3.º, parte 2.a, 91. (2) Alberto Sampaio, I .º, 295. (i:) Port. Mon . Hist., 2. 0 , 61.
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