AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
286 :f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO • das apologias em que, expelido do governo, tentou justi– ficar seus actos perante a rainha Maria 1, é consagrada ao assunto (1). Defesa na verdade frouxa, e que dificilmente :anularia a suspeita de entendimento com os beneficiados ,do contrato. Como nas demais acusações, o ministro invocava as -ordens recebidas do monarca defunto. Quem lhe havia ,de provar o contrário? Para seu fim exalta a capacidade -de D. José para o cálculo e especulação em matéria eco– nómica (2). Recomendara-lhe Sua Majestade - o minis– tro alegava - que o contrato fosse entregue a sujeitos -estabelecidos, e de muito cabedal e crédito; não, como até .aí se tinha feito, a especuladores, às vezes vindos de fora. Que se assentasse no melhor preço, comparível com a, •qualidade do negócio, e que esse ficasse em vigor, sem ser levantado até que o incremento da população, e por .consequência do consumo, justificasse o da renda. Ajus– tou-se o contrato com uma sociedade de quatro homens ,de negócio, dos mais abastados da praça de Lisboa. Con– v ém dizer que o capitalista Anselmo José da Cruz, grande amigo, protegido e familiar do ministro, estava ·enfre os quatro. E foi assim que de 1755 em diante nunca mais se boliu no preço. Em I 772 fora o contrato mais uma vez prorrogado ( 1 ) «Apologia oitava. Sobre a denúncia de se ter arrematado o último contrato geral do tabaco por menos 250 mil cruzados que se ,ofereciam· de acrescentamento. Com documentos apensos». Borrão no -cód. 695 da Colecção Pombalina, Bibl. Nac. · _' (2) Apologia cit. - «Não há dentro do paço criado algum distinto ,que ignore que os exerácios do cálculo e da combinação foram neste• monarca habituais, passando além da curiosidade de um príncipe à apli– :.cação forte de um professor particular». Bibl. Nac,, Col. Pomb., -cód. 675.
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