AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMPI:RIO DO AÇúCAR 277 VIII A propagação do uso da planta, e o contágio do hábito por toda a parte do país, e por todas as classes, levaram a experimentar a cultura no reino. O êxito foi maravilhoso. Gente das aldeias semeava o tabaco nos quintalejos , para uso próprio, como o milho e os legumes. Mas também às proprietários ricos, os fidalgos, exerci– tavam a cultura em terras suas, ou cobravam rendas fartas das lavras aplicadas a· esse fim. O que no princípio fora curiosidade generalizava-se, passando a indústria, e _afec– tava as receitas que o Estado pretendia de explorar o vício. A pretexto de que as terras consagradas ao tabaco faziam falta para o pão, foi proibida a cultura. O motivo verda– deiro era centralizar nas alfândegas a cobrança do imposto, difícil de assegurar por outra forma (1). Em que tetnpo esta verba pela primeira vez consti– tuiu receita do Estado não se sabe ao certo. Mod~sta a princípio, a ~ontribuição .ia crescendo imprevistamente, e quanto mais crescia tanto mais estimulava a avidez do fisco, ao qual a experiência mostrava ser o gosto do pú– blico por este novo encanto da vida insensível à tributação. Em Portugal, e por toda a parte na Europa, a embriaguez era intensa. Já havia quem julgasse tão necessário o tabaco como a água e o ar. - «Há no mundo mui poucos que possam passar sem ele» -, dizia um português entu– .siasta, no fim do século XVII, e por isso lhe atribuía (1) Alv. de 10 de Maio de 1647. Andrade e Silva, Gol. Cronol. da Legislafáo portuguesa, t . 6. 0 •

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0