AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O IMP:fRIO DO AÇúCAR 275 Estado a mania que a Igreja condenava. Alargava-se no Brasil a cultura, e na metrópole, na Europa inteira, o .consumo. Ao mesmo tempo ia-se convertendo a produção em indústria colateral da do açúcar. A troco de tabaco se .adquiriam na Costa da Mina os escravos, sem os quais não podiam trabalhar os engenhos. Se foi esta aplicação .a que deu impulso à cultura, ou se a estimulou o vício -europeu, não há meio de saber-se. É provável que ambas as causas obrassem de conjunto. Ignora-se porém quando :a experiência pela primeira vez se tentou, como se ignora .-a época dos primeiros embarques, com fim comercial, para a Europa. ' Também para os concorrentes de outras nações no ·tráfico dos negros o tabaco se tornou objecto necessário . .A Virgínia fornecia parte ; mas além disso os navios do Brasil muitas vezes negociavam com eles a carga destinada à costa, antes de lá chegarem. Na quadra florescente da indústria, primeiro quartel do século XVIII, destina– ·vam-se por ano cinco mil rolos, de 1 3 a 1 5 mil arrobas, ·para o negócio de África (1). Tudo isto animava o comércio, na régião produtora, ,e a proeminência que tivera Portugal nos tráficos da espe– ,ciaria e do açúcar, ia também tê-la agora no tabaco. Se o ·fumar era ainda considerado hábito pouco recomendável, ,de origem suspeita e bárbara, as virtudes de mezinha lim– pavam da mácula a folha moída em rapé . . Ao findar o século XVII havia quem calculasse em mais de um milhão o número de amadores, no reino e -ilhas adjacentes, . podendo elevar-se o consumo anual a 3 libras por pessoa, no caso de baixar o preço. Dez por (1) Antonil. Segunda parte, Cap. 9. 0 •
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