AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

• 274 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO parece não poderem viver sem este quinto elemento. E esta demasia não somente vive nos marítimos e nos tra– balhadores de qualquer casta, forros e escravos, os quais estão persuadidos que só com o tabaco hão-de ter alento e vigor, mas também em muitas pessoas nobres e ociosas». Assim era no Brasil, de onde todavia parece provável não haver desaparecido o uso do cigarro primitivo, que o. termo cachimbar abrangeria. Dos colonos estabelecidos na terra transmitido aos mercadores, marinheiros e soldados; de uns e outros trazido à metrópole, derramado nas classes baixas e contaminando as superiores, o gosto pela droga tentadora tornou-se enfim paixão geral. Não se sabe exactamente em que época o tabaco do Brasil, vindo ao reino, passou de prenda de amigos e tráfico modesto de passageiros ou homens do mar, a objecto de comércio em grande escala. Alguém, por expe– riência , mandaria um lote, e, bem sucedido, repetiu a especulação, segui?do-se-lhe imitadores. No tempo de Gandavo, cuja História da Província de Santa Cruz saiu a lume em I 575, pouca atenção merecia ainda a planta, depois famosa , pois não lhe faz referência a obra.· E é notável que; ao mencionar a erva viva, a qual se contrai, como se o fosse, ao toque mais leve, não acudisse à lem– brança do autor a erva santa, nem pelas qualidades bené– ficas, nem como pro3uto da terra, tanto da afeição dos selvagens. Outro tanto se não pode dizer do jesuÍta padre Fernão Carq.im, ao qual, moralista que tinha de ser na qualidade de ,_missionário, não passou despercebido vício tão espalhado entre os Portugueses, e com a raiz na fei– tiçaria. Como quer que fosse , pauco tardou o reconhecerem os governantes que muito podia render em proveito do

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