AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
272 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO somente. - «Os que são demasiadamente afeiçoados ao tabaco o chamam erva santa)) - (1). De toda a maneira a designação não foi privativa dos portugueses. Erva santa, erva divina, erva sacra, lhe cha– mavam muitos, em meado do século XVII, consoante lemos no sapiente tratado Exercitationes de tabaco, em que um professor de Pavia, médico famoso, largamente estuda as propriedades da planta mirífica. Os espírito5, mais impregnados da autoridade da ciência contenta– vam-se de a denominar erva panaceia (2). Daqui se vê quanto as qualidades terapêuticas do tabaco eram 'em toda a parte prezadas. Nos primeiros tempos reputava-se remédio infalível de - «apostemas ulceradas, fístulas. caranguejas (cancro), polipos e outras moléstias gra– ves)) - ( 3 ). Foi com esta recomendação que João Nicot, enviado diplomático de .Carlos IX de França em Lisboa? tornou conhecida a planta no seu país ( 4 ). Com o tempo~ as virtudes curativas minguam, e os efeitos conhecidos: consistem em facilitar as digestões, diminuir a opressão da asma, e abrandar as dores de dentes (5). De mezinha insigne gradualmente ia passando o feitiço a mero instru– mento de prazer. (1) Antonil, Parte 2.ª, Cap. 8. 0 • (2) Publicação de 1648 em Pavia. _Autor, João Crisóstomo, Magneni. (3) Góis, Crónica de D. Manuel, Parte 1.", Cap. 56.º. ('1') Refere o padre Bluteau no Vocabulário, v. Tabaco, que o embaixador tinha recebido a planta de um flamengo, chegado da, Florida, e a cultivou no seu jardim. De onde teve a história · assim contada não diz, e parece mais crível ter sido a oferenda de alguém que– viesse do Brasil. Quando Nicot esteve em Lisboa, de I 559 a 1566,. j,í o tabaco era conhecido havia uns poucos de anos, e se sabia o u; o, que d~le faziam os portugueses na colónia. (5 ) Antonil, loc. cit.
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