AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMPbRIO DO AÇúCAR 271 dio vulgar as fumigações, e aplicavam-se as folhas pisadas às feridas e às dores. Não tardaram os Portuo-ueses a o aprender deles o uso da planta. Beber o fumo, como se dizia, tornou-se hábito dos colonos, reputado por vil, e que as autoridades eclesiásticas condenavam, na qualidkde de rito gentÍlico, pois outro tanto faziam os feiticeiros. Por este motivo o primeiro bispo, Sardinha, excomuno-ou a Vasco Fernandes Coutinho, donatário arruinado b do Espírito Santo, em 1 555, e mandou submeter a pena infamante outros indivíduos. Rigor contra o _voto do governador D. Duarte da Costa, segundo o qual a planta condenada - «sarava os homens e as alimárias de mui– tas doenças» -, razão por que se não devia pros– ,crever (1)• Em Portugal, Damião de Góis atribuía-lhe extraor- dinárias virtudes medicinais. Cousas milagrosas de que eu vi a experiência, afirma o historiador. Erva de fumo se lhe chamava então. Eu lhe chamaria erva santa, acres- centa; e a proposição valeu , porque passou o nome à linguagem, c~murn . Enu~erando as produ~ões da terra , .a autor anontmo dos: D ialogas das grandezas elo Brasil, menciona o tabaco - «a que chamam erva santa em Portugal»; e coisa igual diz Gabriel Soares, que escreveu pela mesma época, na sua tão instrutiva N otÍcia do Brasil. Passados mais de cem anos, aínda o nome se conserva, posto que, segundo· os moralistas, na boca dos viciosos (1) Carta ao re.i, 20 de M aio de 1550 : «E por se achar que um pobre homem o.bebia, (o _fumo), o mandou pôr nu da cinta para cima na sé, um dommgo a missa, com os fumos ao pescoço; e condenou a outto n a m esm a pen n, o qual, de vei-gonh.a de a cumprir, fu giu p árn os gentios e o mataram lá» . Documento na Hist. da Colonização do Brasil, 3.º, p. 375.

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