AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

270 :f POCAS DE PORTUGAL ECON6MICO proibe o uso dele o rigor das leis , que em Inglaterra chega à pena última; debalde o proscreve a religião. Preceitos e excomunhões não val~m contra a avidez de um desejo contagioso, que se converte em necessidade. De ano para ano o uso da planta aromática se propaga, o consumo aumenta, e, capitulando com o gosto geral, em toda a parte os governantes enriquecem, com a exploração desta fraqueza , erários antes exaustos. Sucessivamente, e como o açúcar, empregado para fins medicinais, objecto raro de gozo, produto de con– sumo vulgar, não se pôde até hoje verificar a época exacta em que entrou o seu usó em Portugal. Damião de Góis afirma ser ele trazido ao reino primeiramente por Luís de Góis, que depois, enviuvando, foi da Companhia de Jesus, na índia (1). Talvez por 1550, havendo regres– sado do Brasil, pela malogro comercial da aventura que tentara em S. Vicente, como vimos (2). É provável ter ido como outros buscar no Oriente compensação da fazenda perdida na América, e, ou por se lhe não reali– zarem as esperanças, ou pelo desgosto da viuvez, se fizesse religioso. Entre os selvagens a fumaça do tabaco era empre– gada pelos feiticeiros nas funçõese profissionais de médicos e adivinhadores ; absorvia-se por deleite e passatempo; tinha-se por indispensável aos defuntos , sendo uso colocar nas sepulturas, além de água e comida para a jornada, uma .• espécie de comprido cigarro ( 3 ) . Nas doenças , eram remé- \ (1) Cróitica de D. Manuel, Parte r.", cap. 56. 0 • (2) Pág. 25r. (3) Frei Vicente do Salvador, Liv. r. 0 , Cap. 15.º: «Põem-lhe de comer em um alguidar, e a água em um cabaço, e na mão uma can- ~ guêra, que é um canudo feito de palma, cheio de tabaco».

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