AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMP:tRIO DO ACúCAR , 265 Principiando bufarinheiros acabavam proprietários de fa– zendas ao-rícolas (1). ' i::, A ocupação holandesa trouxe a Pernambuco, e capi- tanias juntas afluência tal de judeus, que suscitou clamo– res da parte cristã da turba invasora. Antecipando uma existência sem privações , a plebe indigente que vivia em Amsterdão das esmolas da sinagoga, transportou-se em massa· ao Brasil. Só de uma vez, em 1 642, um troço de 600 (2) , capitaneados por dois rabinos. Da Holanda e da Alemanha, da Hungria e da Polónia, precipitaram-se os filhos de Israel para a nova terra da Promissão. Em 16 54, quando tiveram de ab~ndoná-la, chegavam a cin~~ mil. Especialmente favorecidos do governador Mauncio de Nassau , contra eles se levantava•o consistório protestante, e representava a população leiga. - «Carregamentos de israelitas sem meios, que ,todas as sinagogas do mundo enviam para a América, e que nos tiram o pão da boca» -, diziam dessa gente os queixosos. - Quase (1) O que diz.em os Diálogos das grandezas do Brasil cabe bem aos cristãos novos, ainda que não mencionados: -Brandónio: Há muitas pessoas que vivem somente com se fazerem riquíssimas com comprarem fazendas aos mercadores assistentes nas vilas ou cidades, e as tornarem a vender pel~s engenhos e fazendas, que estão dali distantes, com ganharem mmtas vezes nelas cento por cento. E eu vi na capitania lle Pernambuco a certo mercador fazer um negócio, posto que o modo dele não aprovo, pelo ter por ilícito, o qual foi comprar para pagar d~ presente uma partida de peças de escravos de Guiné por quantidade de dinheiro, e logo no mesmo instante, sem lhe entrarem os tais escravos em poder, os tornou a vender a um lavrador, fiados por certo tempo, que não chegava a ano, com mais 85 por cento de avanço. -Alviano: A isso ch~ma~, onde eu nasci, em bom português onzena... - Bran– dónio.: Pois assim passa; é tanto isto assim, que desta sorte de merca– dores, e dos que têm suas lojas abertas, há muitos que têm grossas fazendas de engenhos de lavoura na própria terra, e estão nela assis– tentes, e alguns casados». Rev. do l nst. Arq. Pernambucano, cit., p. 18. (2) Kayserling, Geschich te der Juden in Portugal, p. 294.

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