AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
264 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICC que pela fecundidade usual da raça somaria milhares? Daqui se vê a inanidade das ilações, que se podem tirar da suposta entrada .na ilha. Desta maneira e por adições sucessivas se formam as lendas, dificultosas de desarraigar, uma ~ez firmadas. · O espírito que ditou esta, é o mesmo pelo qual se afirma terem sido os judeus os criadores da moderna: indústria do açúcar, o mais importante dos géneros de comércio, depois do oiro e da prata. Eles a· tinham intro– duzido em S. Tomé e porventura na Madeira; eles a levaram para o Brasil. Isto se lê nos livros da especiali– dade. Forçados a deixar o país, natural era_que a indústria ali esmorecesse, e prosperasse em outras partes onde se foram acolher. O certo é que os judeus naturais e descendentes de conversos não tiveram no Brasil a proeminência que se lhes quer inculcar na expansão da· indústria açucareira. Vimos quanto era considerável o cabedal necessário para erigir uma fábrica, e não se pode crer o levassem consigo os emigrantes da família hebraica, gente na: maior parte fugida à lnquisi<rão, degredados, e outros a quem na penú– ria sorrira a esperança de sorte fogueira além-mar. Haveria entre eles algum mercador, dos de ida e vinda, como se dizia, que iam em cada frota, liquidavam a pacotilha, e partiam com os géneros comprados. Às vezes ficava um ou outro; abria loja; prosperava no comércio ou pela usura, adiantando mercadorias ou dinheiro, mas principalmente escravos, aos senhores de engenho, constantemente em dificuldades. Por aí chegavam a possuir terras e fábricas, tornavam-se lavradores. Esses vinham para a indústria: não \ por tentar empresa nova, mas a tirar proveito do esforço ~theio, adquirindo a vil preço os salvados de um naufrágio.
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