AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O IMPbRIO DO AÇúCAR 263 bados, de onde em 1646 começou a ser exportado o produto. Parece porém que de qualidade inferior, melho– rando quando os judeus de Pernambuco ensinaram os métodos de cultura e fabrico empregados no Brasil. Em 1654, a expulsão dos holandeses foi causa· de abandonarem os judeus com eles as capitanias reconquis– tadas . A maior parte tornaram à Holanda. Alguns refu– criaram-se na· Guiana e em diferentes lucrares das Anti- º b lhas. A este facto se tem imputado a difusão da indústria na~ colónias francesas, inglesas e neerlandesas, e o seu declínio no Brasil por efeito da competência criada. A ver– dade é que as consequências do acontecimento. se têm exagerado muito , adornando-o de circunstâncias de pura fantasia. Assim se conta que o judeu Benjamim da·Costa, saindo de Pernambuco, foi ter à Martinica, em I 6 55, com 1 . 1 oo escravos e 900 correligionários , estabelecendo · 0 primeiro engenho em ponto grande conhecido na ilha (1). Riquíssimo devia ser o emigrante, para possuir ta:ntos negros. Mas supondo alguns pertencentes a corre– ligionários d~ comitiva, de onde os tiraram, se de Pernam– buco só podiam levar os bens móveis, em que não eram compreendidos os escravos? Decorridos vinte e oito anos, em I 683 , um decreto do governo francês ordenava a expulsão dos judeus da Martinica. Procedeu-se à conta– gem: eram ao todo 94, homens, mulheres e crianças, e não só de origem portuguesa (2). Que seria feito dôs 600 companheiros de Benjamim da Costa, e sua descendência, (1) Lippmann, p. 302. Sombart, D er moderne Kapitalismus, 3.ª ed. , t . 1.º_, p. 905. Em Jewisb Encyclopedia, artigo M artinique, lê-se que ~enp min d'Acosta introduziu na ilha a indústria do açúcar, mas sem nenhuma referência ao acompanhamento. (2) H. W iitjen, Das Judentum und die Anfange der modernen Kolonisation, p. 54.
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