AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O IMP~RIO DO AÇúCAR 261 mento em um continente enorme, onde a população superabundava. A cristianização dos indígenas era uma ilusão dos missionários. Pela surpresa e novidade, por . sugestão momentânea, esperançados na protecção contra os tiranos locais, que lhes fazia vislumbrar o catequista , em cujo encalço marchava o homem de guerra, os peque– nos e humildes prestavam-se a executar maquinalmente os ritos ensinados, de que não atingiam o significado, e ,que para eles eram somente uma nova forma de idolatria. Ler, por exemplo, nas cartas do ubíquo Xavier, a quanti– .dade e presteza das conversões, é verificar a cândida ilusão do apóstolo. Deste e dos outros que lhe seguiram os pas– sos, sem o igualarem na extensão da obra. Dessas miríades .de conversos, a não ser na·s zonas de ocupação efectiva, •quantos poderiam depois contar-se ,' ausente o missionário e afastado para longe o soldado? Na primeira ocasião de liberdade, tornavam-se as multidões aos ritos avoengos e :aos usos milenários. Também, pois, nesta parte, de reduzir à fé cristã os habitantes, pretexto oficial da conquista, faliu a empresa ,da índia. Muito ao contrário sucedeu na América, onde 0 estado selvagem das populações e o domínio completo ,do território facilitaram aquilo a que uma civilização de muitos séculos, e o senhorio precário da terra, se opunham no Oriente. Por todas as razões, portanto, económicas, políticas e de sentimento, se justifica a primazia invocada para o Brasil. Em 1 6 I o a frota, que regressava ao reino, constava de 74 navios, em que vinham 2 1 mil caixas de açúcar, pelo menos 7 35 mil arrobas (1), valendo cerca de I . 5oo (1) Severim de Faria, História Portuguesa e de, outras do Ocidente, Ms. da Bibl. N ac., publicado pelo barão de Studart, (Ceará, 1903) , p. 6.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0