AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMPÉRIO DO AÇúCAR 259 O ~tabelecimento de um engenho de regular cate– goria, com a escravatura, não importava em menos de dez mil cruzados. Cinquenta negros, quinze a vinte juntas de bois, carros, barcos, ferramentas e aparelhos da fábrica, .além do. capital para despesas de preparo, salários de mes– tres e obreiros livres, manutenção do pessoal escravo até ,0 produto ser vendido, tudo isso -requeria grandes somas. ·Muitos, que sem o cabedal correspondente tentavam a .aventura, perdiam-se nela, não logrando acabar o que ·tinham principiado. Uma colheita deficiente, um ano .mortÍfero de escravos, uma baixa imprevista no preço, era ,em perspectiva a mina. A vaidade de possuir muita terra, -numerosa escravatura, e clientela submissa de agregados ,e rendeiros, impelia à presunção habitual e à vida faustosa. :De onde provinha endividarem-se .largamente alguns .destes magnates. A outros, os mais ricos, computava-se o cabedal em 40, 50 e 80 mil cruzados (1). Já vimos como o açúcar produzido nos engenhos não provinha sàmente das lavouras do proprietário. Das alheias ,qeduzia-se a parte tocante à fábrica na ocasião de encai– ..xotar. Tantas caixas se enchiam do produto acabado para .0 agricultor estranho, quantas para o dono do engenho, :aumentado ainda o quinhão deste com a percentagem do .ajuste, se a terra era de renda. Parte verdadeiramen:te leo– .nina do grande proprietário. Mas os melhor aquinhoados eram aqueles donatários, ,que ainda conservavam os antigos direitos nas capitanias. Quanto maior produção mais redízimos; quanto mais ,engenhos mais pensões, pelas licenças concedidas. Deste último encargo estavam isentas as capitanias da coroa. (1) Cardim, p. 344.

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