AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A MONARQUIA AGRARIA 27 terra, facilitavam as relações pessoais, por meio de carta ou recado, e por seu intermédio se propagavam as novas. A lei reconhecia-lhes a benemerência, e assim, quando sucedia, por condições do mister, mudarem de residência, se deixavam no lugar antigo a mulher, uma: criada, ou parte dos utensílios, não perdiam a qualidade de vizinhos e continuavam isentos da portagem, favor não despi– ciendo na profissão que exerciam. Se além das bestas de carga possuíam cavalo, subiam na jerarquia social, ele– vados a cavaleiros vilãos, faltando-lhes embora os demais bens, índice da riqueza que autorizava a promoção. · Tal era, em esboço, a condição geral do país, no · interior. À beira-mar, a: extensa costa, proporcionando à vista largos horizontes, desvendava-os, ainda mais vastos, à imaginação. Ali não se deparavam a empatar o cami- . . , . , . nhante os matagais mv1os, os ~ngremes cerras, os nos sem pontes, os ladrões do ermo, e a cada passo as peagens, quando não as exacções do fidalgo salteador. Para qual– quer se lançar à estrada pelo mundo fora requeria-se alguma indústria, e certa soma de audácia. Nenhum dos requisitos faltava à gente do País. As pescarias foram para esta, como em toda a parte, a primeira escola náutica. À pro}?orção que de Norte a Sul retirava o agareno, ensaiar-se-ia a navegação costeira. E não seria sem efeito 'a vinda dos cruzados, suscitando pelo exemplo o apetite dos rumos distantes . .b provável terem eles ministrado aos portugueses conhecimentos da arte da construção, assim como do modo de navegar no mar alto, que lhes faltariam; talvez igualmente noções de geografia comercial, opina um erudito escritor (1) . (1) Alberto Sampaio, Estudos históricos e económicos, 1 .º, 3e4.
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