AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
246 bPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO missionário, homem de paz, que não seria a dos guer– reiros? O que se tornou evidente desde logo foi que ao labor dos indígenas faltavam aquela intensidade e a continui– dade, essenciais ao progresso da indústria. O trabalho im– portado da Europa valia ainda menos. Com excepções. raras, por exemplo em Pernambuco, ~onde gente de Viana, esperta na agricultura, veio a chamado do patrício Afonso Gonçalves, companheiro de Duarte Coelho (1), a imigração era· da pior qualidade, as mais vezes resíduo, das cadeias, posto pelas autoridades à disposição dos donatários, quando partiam, ou expedido depois, contra a vontade deles, para ajuda·r à povoação. A isso autori– zava a escassa população do reino, e a necessidade .de acudir com homens válidos ao Oriente. Tinha-se expe– rimentado o método, com êxito razoável, na: Madeira e Açores; mas nesse tempo os encarregados de povoar as: ilhas rejeitavam os criminosos de espécie pior, entre os quais os arguidos de furto (2). Para o Brasil, a neces– sidade, mais viva·, não admitia o escrúpulo. Piores que peste, dizia Duarte Coelho desta espécie de colonos. E escrevia mais a D. João III: «Certifico a V. A. , e lho juro, pela hora da morte, que nenhum fruto nem bem fazem na terra , mas muito mal e dano (3). Ao terem-se revoltado a bordo os degredados, se atribuía a perda de dois navios, carregados d.eles . Do Rio de Janeiro dizia p9r (1 ) Frei Vicente do Salvador, Liv. 2. 0 , Cap. 8. 0 • (2) Relativamente à M adeira, informa Cordeiro: «Os trÊs capitães– (do Funchal, Machico e Porto Santo) não quiseram levar culpado algum por causa da fé divina, ou de traição, ou de ladroíce». H ist. l nsulana, P· 71. (3 ) 2 0 de Dezembro de 1546. H ist. da colonização do Brasil, t 3·º, P· 3 1 5·
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0