AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

I 242 1:POCAS DE PORTUGAL ECONóM!CO Na capitania governava um proposto, e, como o conde da Castanheira, vedor da: Fazenda, seu grande amigo, lhe pedisse a cedência de um lote de terra, para algum pro– tegido, escreveu de Dio em resposta que mandasse tomar quanta quisesse e até toda ela. - «Que para mim (dizia) =--- será a maior mercê e a maior honra do mundo» - (1) . Se a forma é de cortesia, o fundo exprime bem o módico apreço do proprietário pelo valor da doação. Os compa– nheiros de Martim Afonso não teriam razões para maior contentamento. Um deles, Luís de Góis, lastimava-se a D. João III, em I 548, de ter consumido na empresa, como sesmeiro provàvelmente, o melhor da sua vida. E de haver gasto de sua fazenda - «até mais não ter e a:té mais não podem (2). Ainda assim, esta capitania e a de Pernambuco fo– ram as que puderam vingar em progresso não interrom– pido. As demais passaram sombrias vicissitudes. Paraíba l ' do Sul, Ilhéus e Porto Seguro aniquiladas pelo gentio; 1/. na Bahía o donatário fugido pa·ra as matas, e devorado no banquete guerreiro dos selvagens; mais ao Sul, o proprie– tário do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho, redu– . zido à indigência, em que acabou seus dias. - «Chegou a lhe darem de comer por a·mor de Deus, e não sei se teve um lençol seu em que o amortalhassem» (3) . --- (1) 14 de Dezembro de 1535. Extracto publicado por Pedro de Azevedo em Revista de H istória, t . 4.º, p. 66. (2) Carta de Santos, 1 2 de M arço de 1548. Hist. de Colonização do Brasil, t . 3.º, P· 259. (3) Frei Vicente do Salvador, H ist. do Brasil, Liv. 2 .º , Cap. 4. 0 .

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