AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
23G f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Do descobrimento não se fizera grande cabedal na ,corte de D. Manuel, nem qualquer prémio, fundado no descobrimento, manifesta estimação especial do feito. Em viagem para a fndia, desviando-se para Oeste, con– forme V asco da Gama recomendara, Cabral fora levado na derrota à costa americana. Intencionalmente? Se por modo diverso, sucedeu-lhe como a outros, em te.mpos :Seguintes, que, navegando para a fndia, como ele, iam dar àquelas paragens, não podendo às vezes romper na direcção do Cabo da Boa, Esperança. O costume era arribar ao reino, e aguardar a monção do ano seguinte. Mais tarde os experientes da navegação condenavam a :arribada, e aconselhavam a prosseguir na viagem (1). Como quer que fosse, o capitão-mor deu-se pressa -a mandar ao rei a nova do apartamento, e as amostras ,da terra: um homem, documento obrigado em casos -idênticos; afogadores e cocares de que os índios se ador– navam; e certas aves de plumagem vistosa, de cuja no– vidade se espantou a Europa·. As araras, com suas vivas •cores e seus gritos estridentes, foram a surpresa da via– gem. Assim como o deviam ser para os descobridores os papagaios, n~táveis pelo alarid~ no ar, e que, adestrados pelos indígenas , articulavam vocábulos ignotos. Durante ·algum tempo, e até que o pau cor da brasa apareceu em '9Uantidade, por eles foi a terra designada: Terra dos - papagaios antes de ser T errt&. do Brasil. (1) Assim na A rte prática dt1, navegação do cosmógrafo-mor Serr:-ío Pimentel (1712) : «E se por mau governo ou vento escasso se for ver a ilha de Santa .Barbara, que é a despedida dos Abrolhos pela part~ de O ., não se ambe logo para Portugal, porque o vento S. E., que aqui lhe pode fazer nojo, não dura muito». Roteiro para a fndià Oriental, pág. 371. Da recomendação se infere a frequência do caso.
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