AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMP.ÉRIO DO AÇúCAR 235 Tornou-se ao sistema por que se tinham povoado as ilhas do Atlântico, sem onus para a coroa. Os gastos tocavam aos donatários, que exerciam a governança, arrecadavam tributos, nomeavam magistrados e oficiais. públicos, e fruíam os privilégios de jurisdição dos antigos. senhores no reino. A eles incumbia também o encargo– da defesa, para o que lhes era concedido importarem, livres de direitos, armas, artelharia e munições, · tendo– os moradores obrigação, em caso de guerra, de servi'r às: suas ordens. Que o principal objecto das doações consistia em promover a agricultura, com evidência resulta da cláu– sula das sesmarias, essencial nas cartas de concessão. Por elas se procurava, como na mãe pátria, ala~gar o terreno– cultivado, e prender ao solo o lavrador. Assim como o privilégio, outorg do ao donatário, de só ele fabricar e· possuir moendas e engenhos de água, denota ser a làvoura do açúcar a que se tinha especialmente em mira introduzir. - De efei,to, em nenhuma parte se ofereciam de modo tão cabal as condições necessárias para esta espécie de– cultura: terras à discrição, adequado clima, e o elemento humano da produção, representado pela escravatura. Os. índios, habitantes do país, de que eram as hordas inume- , '";. . . rave1s, 1a·m por seu turno experimentar, como os povos. de África, as crueldades da civilização. Até aí, esses íncolas, alternadamente benignos e ferozes, com o pau de tintura, e os macacos e papagaios, apreciados como novidade exótica, eram quanto o ter– ritório, tão rico de possibilidades económicas, havia mi– nistrado ao mundo. Por brasis também os homens , como os toros avermelha-dos, eram conhecidos na Europa.

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