AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

234 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO que escolhesse. Dois mil oferecia João de Melo da Câmara, açoriano decidido, frade de S. Bento, que largou o hábito, e se foi pelo mundo à cata de aventuras; aquele neto de Gonçalves Zarco, de que um parente povoara S. Tomé. Cada um pretendia a preferência•, e ambos recomendava Diogo de Gouveia, muito atendido de D. João III, como se sabe. Este segundo proponente jactara-se, talvez com demasia, de poder levar consigo homens de muita substância e pessoas abastadas (1); não aquela horda de maltrapilhos e delinquentes , que era o fundamental con– tingente de semelhantes empresas. Porventura fiava-se de poder recrutar os colonos na população de Vila Franca, desconsolada pelo tremor de terra de r 522, tão assolador que lhe chamaram em S. Miguel o dilúvio, e cujas perdas se faziam sentir ainda na economia rural. Após o sismo viera a peste, que, declarando-se em Ponta Delgada, alastrou pela ilha, e durou perto de nove anos. A lavoura do açúcar declinava, achando-se arruinados alguns proprietários (2). Sucessos que incitariam à emi– gração, ainda sem termos em conta o pendor que para ela mostrou sempre a gente do a·rquipélago, acaso herança dos antepassados povoadores. Não tiveram despacho os pretendentes; mas a s11- gestão ficou, foi meditada. Alvitrou-se repartir o territó– rio em donatarias. A experiência• fez-se com Martim A fonso de Sousa, e, decorridos dois anos, foi propósito assente continuar por este modo a exploração colonial. (1) Carta a D . João III , na His tória da colonização portuguesa Jc, Brasil, t. 2.º, P· 9º· (2) Cf. Gaspar Frutuoso, Saudades da terra, Liv. 4.º, Cap. 58.º, 7o.º, 75· 0 •

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