AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMPfRIO DO AÇúCAR 231 de juro e herdade, e co111.o prémio .ª tença de cem mil reais, soma não inconsiderável. Por princípio de povoação iam as crianças hebreas, a que, embora não conste de documentos, necessàriamente acompanhavam colonos, é provável que degredados. Diogo de Gouveia, lembrando o facto a -D. João III, diz terem ido com Álvaro de Ca·minha os judeus , que entraram de Castela, expulsos, e não pagaram na fronteira o imposto exigido: mais de mil e duzentas almas (1). Não há meio de conciliar esta notÍcia com a de Garcia de Resende, a qual, aliás, os demais testemunhos contemporâneos confirmam. Destes judeus eram filhos l os pequenos transportados. Como haviam de ir com eles os pais, de quem se lhes queria evitar o contacto, nocivo à conversão? Dizia Gouveia , não restarem no tempo dele desta leva de colonizadores mais que cinquenta a sessenta· pessoas. A sobrevivência melhor caberia, no período decorrido, de quase quarenta anos, a quem tivesse ido na inrnncia que aos adultos. Que prodígio de resistência, de apego à vida:, mostram, nas condições a que foram submetidos, os tris- . tes, adquiridos ao cristianismo! Se algum veio a ser pro– prietário de engenho, quanto esforço, que árduas porfias, que bla11dícias da: fortuna lhe seriam imprescindíveis! Da evolução de habitáculo de feras para centro im– portante de produção desconhecem-se os pormenores. Sabemos que mais tarde o feitor da coroa dava as terras em sesmaria·, a preço inódico, aos colonos. Mas logo era imperativo virem para elas os trabalhadores da Guiné , o (1) 29 de Fevereiro de 1 532. Carta publicada por Varnhag~n no estudo Primeiras negociações diplomáticas relativas ao Brasil (Rio de Janeiro, 1843) .

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