AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

230 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO de açúcar, passando a produção de 1 50 mil arrobas por ano (1). Da qualidade dos proprietários não fala o via– jante. Que entre eles algum descendesse dos pequenos transportados em 1 49 3 não há razão para descrer. Mas que fossem judeus os primeiros e principais cultivadores,, nada autoriza a supor. Dos rapazes arrebatados à família, muitos em idade tenra, no clima inóspito, ao cuidado de estranhos, quantos chegariam a homens? Parte deles,. dizem nas suas là:mentações os escritores da raça, fora1n devorado~ pelos j:icarés e pelas feras (2). Ilha, «cujos moradores eram lagartos, serpes, e outras muito peço– nhentas bichas, e deserto de criaturas racionais)), pretende– º melodioso Samuel Usque (3). Na realidade, o sítio era perigoso de habitar, e já tentativas antecedentes de colo– nização se tinham por isso malogrado. Em 1485 for~ a ilha concedida em doação a João de Paiva, escudeiro,. com o encargo de a ir povoar com seus amigos e parentes; doação partida por metade no ano seguinte com uma filha do concessionário, para ser dada a capitania ao– homem com quem casasse (4). Já por falta de recursos materiais para a empresa, já porque, ensàiada, a tivesse de abandonar, o donatário perdeu o direito, e teve a coroa• de assumir a tarefa da colonização. A fama da insalu– bridade afastava os pretendentes, e parece que , só muito, rogado, aceitou em 1 49 3 Álvaro de Caminha a capitania. (1) «Navegação de Lisboa à ilha ele S. Tomé», em Col. de Not– Ultr., t. 2.º . (2) Kayserling , Geschichte der Juden in Portugal, p. 116. (3) Consolação às tribulações de Israel, Terceiro Diálogo, Cap. 27.º > que se intitula: Quando mandaram os meninos aos lagartos. (4) Cartas de doação em Alguns docu mentos da Torre do Tombo,. P· 56 e 57·

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0