AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O IMP.ÉRIO DO AÇúCAR 229 tempo. Mas neste despovoar do sertão africano cabe a primazia ao açúcar. E de tal modo, que a indústria veio a determinar o aspecto étnico das regiões onde mais se desenvolveu. Da Madeira e dos Açores passou a cultura a Cabo :' erde ·e a S. Tomé, quando o tráfico dos escravos, em incremento constante, facultou o trabalho humano às ilhas desabitadas. Não passa de fantasia dizerem certos :autores, uns repetindo dos outros, que o progresso da– indústria açucareira em S. Tomé foi obra dos judeus, p ara lá mandados na infancia por D . João II, em I 493 . Assim como· terem sido esses os primeiros a plantar na ilha â Çd1 pr ct uçora (1), 0 asscl'to funda-se ptõvávela 1n nt na orr lação arbitrária do trecho em que areia <le Resende, na Ct'Ónica de D. 1 oão Il, refere o transporte ·de crianças, filhos de judeus, pai-a S. Tomé, com a nar– rativa de um piloto português, do meado do. século XVI, de que se deve a Ramúsio a publicação. Segundo o cro– nista foram tomados os meninos aos pais, para que, -apartados deles, e de quem lhes falasse na lei de Moisés , pudessem vir a ser bons cristãos, e, chegando a crescer •e a casar-se, por esse modo a ilha se povoasse. Daí resultou, .assegura Resende, ter ido a terra em crescimento de então por diante (2). O piloto, que esteve em S. Tomé mais ·· •ou menos por I 554, conta haver lá uns sessenta engenhos (1) W erner Sombart, Der moderne Kapitalismus, x. 0 , 902; e Die ]uden und das Wirtschaftleben, 34. Também Knapp, Der Urs:prung d er Sklaverei in den Kolonien, cit. por Lippmann, P· 249, que trans– creve: «Em 1492, quando o rei João II expulsou de Portugal quancidade .de judeus, foram estes estabelecer-se em 5. Tomé, dando-se à agricul– tura em crrande escala, de sorte que empregavam mais de 3 .0 00 negros ,escravos, ~ criaram muitas fábricas de açúcar». ( 2 ) Cron., Cap. 179.º.

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