AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

228 1:POCAS DE PORTUGAL ECONOMICO em Palermo visitou certa fábrica:. Por entre a fumarada . à boca das fornalhas, de encontro às labaredas, os obreiro5, lhe parecem demónios, mais que humanas criaturas (1). « Viva imagem dos vulcões, Vesúvios, Etnas e quase do, purgatório ou do inferno», diz um autor, que em r 7 r d descrevia a lida do açúcar (2). Mouros do Algarve e de África, canários e guinéus. trabalhavam no campo e junto às ca-ldeiras. Da ilha saíam: carregados os barcos, a levar o produto às gentes ávidas; de um gozo, que dos ricos da terra baixava ao vulgo.. Estendeu-se a cultura a um mundo novo; prosperou; e entretanto era África despojada de seus ·filhos selvagens r para que tivessem os civilizados um barato manjar_ As caravelas dos portugueses seguiram-se emba·rcações de todas as bandeiras. Espanhóis inoleses franceses, holan- ' t, , , deses, quantos outros? participaram no rendoso tráfico_ Séculos durou a sangria .espantosa do sertão negro.. A medida que a cana sacarina se propagou além do, Atlântico, foi-se tornando mais intensa a caça ao homem no continente infeliz. É indubitável que ao açúcar se deve o desenvolvimento da escravatura no seio da civilização, moderna. Sem negros não havia açúcar; ·isto foi prolóquio, do século XVII. «Sem negros não há Pernambuco»,. queria dizer fábricas de açúcar, confirmava o padre Vieira,, relatando as negociações com os holandeses acerca· de: Angola, que ocupavam então (8). Ao tabaco, e mais.. tarde ao algodão e ao café, se aplicou a máxima por muit?" \ (1) Relação mais ou menos de 1550, cit. por ~ippmann? p. 25b.. ' (2) Çultura e opulência do Brasil, por André Joao A?toml, (pseu-– dónimo do P. 0 João António Andreoni, da Companhia de Jesus) ,. 1.°' Parte, Liv. 2 . 0 , Cap. 8. 0 • (3) Carta ao marquês de N iza, 12 de Agosto de 1648.

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