AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

24 bPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO feitio de um tabardo pagar-se-ão 2 soldos, e 4 se for forrado; por um manto de dona 3 soldos; pela camisa de homem 1 8 dinheiros; _de mulher, sendo de linho, 2 sol– dos. Modo de proteger a humilde indústria de burel, que nas habitações rurais se exercitaria para gasto, são as disposições seguintes: um feixe de 2 50 ca·rdas, para cardar, valha I o soldos; por cardar uma vara de burel se paguem 2 dinheiros; e quem a esse preço cardar 60 varas, dê-se-lhe um alqueire de trigo por merenda. Verbas a que na relação acompanham centenas de outras, respectivas a géneros de alimentação, objectos de uso, e utensílios de toda a espécie. «Um vasto matagal, entressachado, afora algumas cidades e vilas, . de pequenas povoações, circundadas de breves.~arroteas» - , tal devia ser o aspecto do País, ao findar a Idade-Média, na opinião de um escritor do nosso ~ 1 século (1). Muito mais pronunciado seria dois séculos atrás esse aspecto, e no-lo ·atesta a quantidade de animais silvestres, cuja abundância tinha parte notável na vida· económica da nação. Para ser tão copiosa a presa vena– tória, forçosamente haveria em muitos , sítios as matas e J ' ,· charnecas onde ela se abrig. ava e reproduzia. Sem falar r •li' lt dos ursos e javardos, caça régia, e dos lobos, que as leis I' mandavam destruir, a lei cita o zevro ( 2 ), o gamo, o ·' b t-..·,, cervo, ocorço; e os pequenos hab.tantes da selva, ale re, ~~!1./ • ~tJ,., ,.,,~ .. ------ l (1) Costa Lobo, História dá Sociedade em Portuga no século- XV, P· 77· ~ · (2) Animal corpulento e seguramente selvagem, de que nao fo1 possível ainda acertar com a definitiva classificaçã~., C:rvídeo q · J· Nunes, Boletim· da 2.a. • classe da Academia das Ctenci-as de Lisboa, t. 1 6.º, p. 426); equídeo (J. P. Mereia, Revista Lusitana: 2 5·º, 1 84); bovídeo (Ludovico de Meneses, Folha agrícola do ccSeculo», 3 de Junho de 1928), que parece a opinião mais provável.