AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O IMP:tRIO DO AÇúCAR 1 227 tanhosa de quatro ilhas ocupadas, e na~ demais ainda não .submetidas. Muitos desses escravos foram parar à Ma– deira, e pode ter-se dado que o êxito dos portugueses, em t ão valiosa cultura, sugerisse o arbírrio de empregar na própria terra: o elemento humano que fertilizava a .alheia. Com efeito, a produção do · açúcar era por tradição ·e necessidade trabalho de cativos. Tal se mostrava nos países do Levante, de onde a indústria procedia , e tal se pôde estabelecer na ilha portuguesa , novamente des– •coberta, desde que a costa africana ministrava os braços, tantos quantos fossem necessários. Foi sem dúvida· este pensamento que induziu o Infante a mandar vir da Sicília, onde também os cativos trabalhavam, a preciosa cana e os mestres da arte . A notícia de Cadamosto, a mais antiga que temos sobre a produção do açúcar na Madeira, corresponde à época em que o tráfico dos escra– vos entrara em plena expansão. Nem de outro modo a indústria ·lograria desenvolver-se com tamanha largueza. Não sobravam no reino os trabalhadores rurais , e aqueles que buscavam as ilhas do Atlª-ntico pretendiam ser donos -das leiras, e não assa-lariados nelas. A cultura do açúcar, para dar vantagem, tinha de fazer-se em vasta escala, -demandando assim cópia de bra·ços; e, se era duro o labor " -do campo, mais ainda , além de perigoso, o que no e ngenho se prestava. Moída a cana, pela força animal -ou das levadas, transportava-se o sumo às caldeiras, onde -era cozido e recozido, escumado e lavado, até se pôr nas formas a coalhar. Na casa das fornalhas. o calor, a fumaça, o negrume davam espanto a: quem, alheio àquela espécie .de trabalho, por curiosidade o contemplava. Oficinas de V ulcano: como tais designa a quadra um espectador, que
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