AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

2~6 fPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO à proporção que o tempo corria. «Torna os manjares de gosto violento suaves ao paladar , os azedos gratos, os salgados suportáveis , o'S ásperos e grosseiros finos e sabo– rosos» - , lê-se na: obra de um médico e botânico célebre, publicada em 1 5 8 8 (1). Da s.ua acção curativa informa o mesmo autor que ·fortalece o espírito e o corpo, espe– cialmente o peito, pulmões e garganta. Em pó é bom para os olhos e faz sarnr as feridas. Queimado, o fumo tira o defluxo. Outro sábio da época ensina a preparar a ·quinta essência do açúcar, por distilação com alcool, a que às vezes se juntavam folheta·s de oiro, dando-lhe assim mais vigor (2). Do produto aplicável em medicina faziam tam– bém uso os alquimistas , esperando ,por meio dele chegar à pedra filosofal. Estas principais virtudes do açúcar residiam unica– mente no da Madeira e Canárias , considerado superior ao das outras procedências, e como tal continuando .por muito tempo . Em que época entrou a: cultura nas Caná– rias é ponto obscuro. Supõe-se que antes de 1490; mas em todo o caso a tentativa do infante D . H enrique foi a que teve a precedência; e com certeza a distância de não poucos anos. Cadamosto, que por lá an dou em 1455, tendo visto o fabrico do açúcar estabelecido e a progredir na ilha da Madeira, não encontrou nas C anárias mais que uma lavoura rudimentar : «poucas frutas e quase mais nada bom». A exportação constava de pastel , e dos produtos da indústria pastoril , couros , sebo e quéijos. A isto acrescentemos os escravos, colhidos na parte mon- \ (1) T abernaemontanus, Livro ·das ervas, Lippmann. (2) M edulla destillatoria et medica ele Conrado Khunrath ( 1605) , Lippmann.

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