AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O lMPbRIO DO AÇúCAR 221 nho de água, a indústria adquiriu desde logo expansão notável. Zurara, que escrevia em I 4 53, não menciona. ainda o açúcar entre os produtos da Madeira. Dois anos. depois, Cadamosto, passando pela ilha, calcula em mais, de seis mil arrobas a quantidade anual , e com prospectas: de maior desenvolvimento (1) . . O presságio realizou-se, e porventura de modo que o viajante não supunha. O género, a princípio vendido para- 0 reino, onde se consumia a maior quantidade e do. resto se fazia a exportação, começou em 1 4 7 2 a ser embarcado para- Flandres directamente da ilha, sem passar por Lisboa. O tráfico ensaiou-se por dois navios (2) .. Em 1 480 conta•vam-se já vinte naus de castelo de avante,. e 40 ou 50 embarcações de menor porte, empregadas. nele, todas de estrangeiros (3). No tocante à produção, sabemos que em 1493 se elevava a 80 mil arrobas, havendo na ilha oitenta mestre$ de fabrico, o que deve: corresponder a outros tantos engenhos, pelo menos (4) .. Mas o número foi crescendo e, dentro em pouco, tal se tornou a produção que parecia útil travar-lhe o· aumento, limitando as exportações. Era o meio de impedir a queda em demasia do preço, e a isso tendeu o decreto, de 2 1 de Agosto de 1 498, pelo qual D. Manuel defen-· (1) 400 d ntaros, medida equivalente a 228 ou 250 quilogramas.. (Sombart - D er moderne ICapitalismus, 3.ª ed., t. 2.º, p. 318), e assim. seriam 6.080 ou 6.666 arrobas. (2) Santarém, Documentos, p. 243. (3) Capítulos dos Povos nas Cortes deste ano. Respasta do Rei:· «O comérào dos açúcares da M adeira e o modo de os carregar para Flandres foi agora que se levantou e começou em estes reinos, etc.»_ Gama Barros, 4.º, 376, 377· (4) Documentos da câmara do Funchal em Saudades da terra,. P· 637 e 638.

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