AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

218 fPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO . . agricultura. Com intuição, na realidade surpreendente, do futuro que aguardava esta indústria, mandou vir da Sicília as canas, e mestres hábeis na preparação do açúcar. _e possível, todavia, que nesta ocasião já se tivesse ensaiado a cultura na M adeira, e o infante nada mais fizesse que preparar-lhe o alargamento e condições de prosperidade. Muitos anos antes de ser descoberta a ilha, tinha-se experimentado esta lavoura em Portugal. Em 1 404 foram coutadas por D. João I umas terras no Algarve, em favor de João da Palma, genovês de nação, para nelas ' plantar cana de açúcar. A concessão anulava outra, pre– cedente, a certo indivíduo de nome Mestre João, também estrangeiro provàvelmente, a qual , por circunstâncias que se ignoram, não foi utilizada (1). Génova entretinha desde a mais remota Idade-Média - relações comerciais com o Levante, e importava o açúcar em Itália pelo menos desde o XIII século. A experiência das plantações no Algarve, levada ou não a efeito, por genoveses foi tentada; e geno eses encontramos na Ma– deira, senhores de grandes engenhos, mais tarde, quando a indústria se achava· no apogeu da prosperidade. Não custa a crer que algum dos muitos que Portugal atraía, passando à ilha, tivesse ensaiado a cultura. Pouco vale a objecção de haver proibido o Infante a residência de es trangeiros na sua nova possessão, preceito de que as Cortes, em 1481, reclamayam o cumprimentó .(2). A tolerância datava dos primeiros tempos; e vemos assim 0 genovês M icer João casado na Madeira com a mat~ (1) Carta Régia de 16 de Janeiro de 1404, à t. per Gama Barro,s, 4.º, P· 60. (2) Santarém, Memórias, Parte 2.ª.

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