AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

/ O IMPERIO DO AÇúCAR 217 da Pérsia pelos árabes, a eles se deve mais este contributo para a civilização actual. Eles a introcfoziram na Sicília desde o século X, e a ilha• foi por muitos anos a principal fonte de abastecimento da Europa, até que a Madeira, S. Tomé e o Brasil a privaram da preponderância, e por fim, arruinando-lhe a indústria pela baixa do preço, a excluíram da produção. Destarte, e assim como os por– tugueses tinham suplantado Veneza no comércio da espe– ciaria, assim também lhe arre9ataram o privilégio de um negócio, cujo desenvolvimento adquiriu no século XVI extensão quase inconcebível. Ao mesmo passo, e da mesma forma que no tocante à especiaria, perdiam um manancial pingue de riqueza· os Estados levantinos, isla– mitas, que igualmente por intermédio dos venezianos forneciam de açúcar a Europa cristã. O produto da Síria e do Egipto tinha chegado a Flandres pelo menos desde o século XIII; e já no século imediato, durante as primeiras décadas, as embarcações de Veneza visitavam Antuérpia. Até aí o tráfico fazia-se por terra, seguindo quanto possível as vias fluviais, e nas feiras de Champanha, seis por ano, em diferentes terras da província francesa, se efectuava a troca das mercadorias trazidas do Mediterrªneo, com os produtos das nações do Norte. Quando os navios do Adriático empreendiam navegar no Altântico, algumas vezes, passando em frente de Lisboa, entrariam no porto para reparações e refrescos. A um espírito arguto, e verdadeiramente dotado do génio mercantil qual era o Infante D. Henrique, não escaparia a notÍcia destes carregamentos, e do que eles represen– tavam como valor comercial; nem o considerar as possi– bilidades que em domínios seus haveria ·para a rendosa

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