AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

216 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO méritos da fortuna. Antes de entrar nas lojas de víveres vendia-se nas boticas. Conjuntamente servia para acudi~ aos doentes e para a fabricação de apreciados e custosos manjares. Possuí-lo na copa era índice seguro de opu– lência. Já no declina·r da Idade-Média, pequenas quanti– dades dele se mencionam em testamentos, como legados de importância, e chefes de Estado não dedignavam de oferecer e ~ceitar por brinde a gostosa mercadoria. Três pães de açúcar de cerca de 7 quilos, deixa: em Paris, ao hospital dos pobres, para descargo de sua alma, certo ricaço penitente. Igualmente em França, quatro pães são arrolados de J oanna· de Evreux, terceira mulher de Car– los V, falecido em r 3 72. O sucessor deste rei, Carlos VI, acolhendo em r 383 a Leão VI, soberano da Arménia, expulso de seus Estados pelos .sarracenos, dá-lhe as boas vindas com presentes, nos quais se incluem r 3 arrateis de açúcar. Um quintal dele, da mais fina qualidade, manda o Sultão com vários brindes, a Carlos, sétimo do nome, filho do precedente (1). Os que não frequentavam os paços régios, ou não eram das classes abastadas, ado– çavam com mel de abelhas as poções dos doentes, e os rústicos bolos de seus festins. O produto saboroso da cana mélica, como era desi– gnada, vinha de longe, do Levante, e trouxeram-no os venezianos aos mercados do Ocidente da Eur<?.P.ª', do mesmo modo que a pimenta. A planta oriunda da fndia, e considerado o seu produto ramo da especiaria, cvlti– vava-$e largamente na Síria e no Egipto. Transportada • (1) Casos recolhidos na exaustiva história .do açúcar (Geschichte des Z uckers, Magdeburgo, 1890), pelo Dr. Edmundo O. :,ron Lippmann, técnico da especialidade, que dá no livro as respect1vas fontes de informação.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0