AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 211 O que por todos os modos se afirmava era o declinar do poderio dos conquistadores; deste como do outro lado do Mar índico, que em tempos fora um lago português . Os árabes tinham podido cercar durante três anos Mom– baça, e apossar-se da fortaleza e povoação, sem tentativa -de socorro que fosse eficaz, nem do Reino nem da fndia. Recuperada a praça em r 728, foi definitivamente aban– donada no ano seguinte. Restringido na extensão, e .acomodando-se já aos limites actuais, o domínio portu– guês mal poderia defender-se de agressoras mais fortes ,que os árabes. Improdutivo para a metrópole, e opressivo aos indígenas, ele servia sàmente de satisfazer o espírito .aventuroso dos sertanistas, e a ânsia de sacrifício dos ' r missionários, consagrados no interior a uma obra efémera <le conversão. Moçambique e o Zambeze ninguém nos -disputava ainda. Longe, na profundidade do continente, à espera do herdeiro histórico das nossas empresas, jaziam os tesouros, por tantos anos buscados em vão. No litoral e nos caminhos de penetração o comércio definhava·, e :à falta de gente e cabedais a possessão perdia toda a importância. Basta dizer-se que em 1 688 a população .civil, não indígena, de Moçambique, constava de quinze portugueses e dezasseis canarins , além dos frades e clé– rigos ( 1 ). Não seriam muitos mais os que, em Sena e Tete, ou vagueando entre os bárbaros, recolhiam para trazer à costa os produtos valiosos, comutados por bugi– gangas da Europa, e fazendas vis do Oriente. O trato por conta da Fazenda· Real durou até 17 55, (1) Brevíssima notícia da ilha de Moçambique, por um jesuíta, passageiro na nau N .o. S."' da Conceição. Ms. do Museu Britânico, impr. par Theal, 4.º, 456.

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