AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
210 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO No que respeita ao comércio do metal precioso. o exagero é evidente. Nem com um movimento vivo de permutas concordaria a penúria a que tinham chegado os lugares de tráfico. Ao passar por Moçambique, em 1693, o conde de Vila Flor, quando ia assumir o governo da índia, noticiava para a corte haver encon– trado a terra m'Uito debilitada e pobre. Esperanças de melhoria anunciava ainda. Tinham-se descoberto as minas. de prata, e o vice-rei julgava-se autorizado a afirmar: - «V. M. não tem na fndia outra coisa que iguale as conveniências do rios (de Cuama), nem em todo o Oriente tem algum rei domínio tão útil» (1). Conti– nuação daquele optimismo dos que de fora olhavam, e de que em breve haviam de os desenganar os factos. Tal qual a sede da capitania se achavam as rest~ntes povoações. Um missionário familiarizado com a região refere a decadência de Sena·, que - diz ele - «em algum tempo tinha sido uma grande alfândega de oiro e marfim» - . Em 1696, quando escrevia, o que ali. vinha da feira de Manica não pa·ssava da quarta ou quinta parte do que fora em outras épocas (2) . A vila era o centro de onde partiam os mercadores, e cafres ao serviço deles, a negociar no interior. Em Safa.la os habitantes consagravam-se à vida rural ,' e faziam algum trato, pouco, no sertão, comutando por marfim as fazendas da fndia. Nada recordava já o tráfico alacre da época de conquistas. (1) Carta ~o v.ice-rei, 23 de Setembro 16o4. Cronista de Tissuary, t. 2.º, p. 32; no artigo intitulado : A índia no governo do vice-rei Conde de Vila Verde. (2) Tratado dos Rios de Cuama, cit. - «Botaria neste meu tempo em oiro e marfim 100 pastas, nesta povoação de Sena, que na fndía fazem 90 mil xerafins; em outros tempos dizem que vinham 400 e 300 pastas». - Crtmista de Tissuary, 2.º, 45. . '
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