AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
204 tPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO ( notavam os conselheiros) que até hoje não acaba de livrar de escrúpulos a consciência cristã». A exportação -de açúcar e tabaco diminuída pela concorrência de Bar– bados. O pau-brasil vencido nos mercados consumidores por outro, de menos preço, e sem emprego, a não ser para tempero das tintas manipuladas com o produto espúrio. Na conjuntura, só dos metais preciósos, arrancados à terra, se podia espera-r remédio. Em África o cafre, senhor das minas, ainda pomposamente designado Imperador do Monomotapa, mostrava-se disposto à obediência. · Do Brasil havia o prospecto das minas de Itabaiana, mais ricas de prata, ao q·ue se cria, de que fora incumbido o descobrimento a D. Rodrigo de Castelbranco. Pelo rio de S. Francisco tinha já navegado Bento Surrei acima de duzentas léguas, e se esperava chegar por aí à zona ·aurífera (1). O sonho, que desde o início. das navegações inflamara os ~nimos, era sempre o mesmo. Na verdade, c1 ponto de se realizar agora. Com o deslumbramento da ·entrada, como o da índia, e a decepção por fim. O tÍtulo -de Marquês das Minas, dado pelo regente D. Pedro, em I 669, a um neto de D. Francisco de Sousa, que fizera as primeiras buscas, era já um pressentimento. Se este veio a ter realidade com respeito à América, outro tanto não sucedeu em África. Aqui sàmente o ,chamado castelão de Moçambique enriquecia com os proventos, é possível que na maior parte ilícitos, do posto. , • Arrendando, pela costumada espórtula dos trinta mil cruzados, o privilégio do tráfico, desfrutava-lhe as van– tagens por todos os meios que o exercício do poder militar ., (1) 9 Setembro 1673. Bibl. Nac., secção ultramarina, Livro 5.º das ,consultas mistas, fol. 129 v. •
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