AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
202 f'.POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO O monopólio era prejudicial aos habitantes que se davam ao comércio, forçados pelos capitães de Moçambique, senhores dele, a venderem-lhes fazendas a troco de oiro baixo, e compra-rem-lhes o marfim a preço exorbitante, como .alega um parecer do Conselh_o Ultramarino (1). Muitos dos moradores, que tinham meios para: isso, ausentavam-se para a fndia; o território despovoava-se de europeus; e por fim interveio a metrópole, sendo recomendado ao governo da fndia não conceder licença pa:ra se retirarem de Moçambique e rios de Cuama os residentes , sem mostrarem razões poderosas (2). Tão pouca importância se dava então na fndia à região, que em ·1650 o vice-rei, D. Filipe Mascarenhas ,. chegou a propor se desmantelasse por inútil a fortaleza de Sofala, o que da corte lhe não consentiram (3). Era necessário manter em respeito os régulos convizinhos , afastar os mouros, conservar no sertão a cristandade, e para tudo isso concorria: a fortaleza. O que, porém, com respeito ;i Moçambique, mais importava ao governo, era convencer os moradores a entrarem no trato da escravatura para o Brasil, aplicando-se a armar embarcações, coisa muito necessária por se achar Angola então em poder dos holan– deses ( 4 ) . A esse fim tinha: ido de Lisboa um navio, com destino a Moçambique, e é provável · datar daí o t: áfico de negros da costa oriental para ·a· colónia ame– ricana . Em I 67 1 r{iais uma vez a coroa decide pelo comércio livre nos rios de Cuama e em Moçambique, facultado (1) Setembro 1672. Col. cit. (2) C. R. , 7 M ars:o 1654. ( 3 ) C. R. , 6 Fevereiro 1652. ('1) C. R. , 13 Janeiro 1645. ,
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