AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 199 Não foi neste lance mais feliz o homónimo do grande condestável. As celebradas minas de Chicova·, de que tanto se esperava , ainda em 1622 continuavam inacessí– veis. Foi mandado retirar o conquistador, extinto o posto, e a empresa encarregada ao capitão de Sofala, Nuno da Cunha. Ao negociador da doação, Diogo Simões Ma~ <leira, prometia-se o foro de fidalgo e uma comenda de dois mil cruzados, para quando, achadas as jazidas, prin– cipiasse a laboração. Eis porém que no ano seguinte as mercês se convertem em penalidades. Suspeito de embus– teiro, o prémio que lhe vem é a ordem de o prenderem e ser remetido para o Reino quando fosse encontrado, o que em 1 6 2 5 se não conseguira ainda (1). A miragem do oiro e da prata perdera entretanto a intensidade, e a sedução primitiva afrouxara. Já o cobre parecia então digno de contentar as ambições, e da corte se recomen~ dava a busca e o lavor das minas, cuja existência•e riqueza se tinham ali por certas, como formalmente a ·ordem declara (2). Acaso as de Katanga, hoje famosas, de que teriam -chegado notícias aos portugueses. Miragem ainda, porque se achavam muito fora de alcance por aquele lado. . Em intermitências de contrato e administração pró– pria continuou o Estado a explorar o tráfico. Por vezes abriam-se os rios ao comércio livre, cobrando-se o quinto do oiro, que era, sempre o trazido pelos cafres. As repe– tidas mudanças 'de sistema patenteiam que de nenhuma vez os resultados compensavam a expectativa. O do arren– damento, que enriquecia os capitães de Sofala-, parecia (1) Ordens •expedidas para a fndia em 10 de M arço de 1622, 19 de Março de 1623, 21 de Março de 1625. Museu Britânico, Col. cit. (2) 10 de Março de 1622. Col. cit. . •

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