AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 193 ciar liv.remente em seu território, achando-se, de outra parte, assegurada a passagem, entre a costa e Manica, pelo do régulo dominante ali. Aos dois chefes cafres se havia de pagar pela licença uma certa pensão. Nisto acabou a presunçosa· aventura. De tantos que tinham ido cheios de confiança, e na expectativa de lograr tesouros, poucos tornaram do sertão inclemente, e esses de todo desenganados. Acerca das riquezas em que tinham o fito ,. conservou-nos o cronista da· jornada a impressão comum: _ «Das minas e abundância de oiro e prata ... o que se sabe ,é muito menos da informação que se tem em Portugal» (1). A realidade não correspondia de nenhum modo ao que a imaginação prometera·. Desiludido estaria igualmente Francisco Barreto, quando ao cabo de pouco tempo sucumbiu à doença em Moçambique. O espólio que deixou, refere um historiador, foram 1 2 o mil cru– zados de dívidas, tomados em Lisboa: a diversos, para os gastos da expedição (2). Vasco Fernandes Homem, a quem tinha passado ·o comando, o que encontrou no termo de seus trabalhos foi a decepção referida atrás. Q desa·stre de esperanças tão altas afastou por então a ideia de conquista, e a norma adaptada foi a de tirar o possível proveito do tráfico, já arrendando o privilégio, já fazendo o comércio por conta da coroa. O arrendatário era por costume o capitão de Sofala, que tomava a seu •cargo os gastos da f?rtaleza, e, para: negociar com os indígenas, tinha em Sena feitoria, que por seu turno subarrendava. Este capitão e o feitor, e nos períodos de exploração pela coroa os administra-dores e mais funcio- 13 (1) Relação da viagem, Ms. cit. (2) Couto, Déc. 9.ª, Cap. 23.º.
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